ATA DA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 04-02-2004.
Aos quatro dias do mês de fevereiro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Darci Campani, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes e Zé Valdir, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo, Titulares, e o Vereador João Bosco Vaz, Não-Titular. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Reunião de Instalação da Quarta Comissão Representativa e da Primeira Reunião Ordinária. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Isaac Ainhorn, os Pedidos de Providências nos 094, 096 e 116/04 (Processos nos 0469, 0479 e 0521/04, respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Providências nº 097/04 (Processo nº 0488/04) e o Pedido de Informações nº 008/04 (Processo nº 0519/04); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 098, 099, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 128, 130 e 131/04 (Processos nos 0495, 0496, 0497, 0498, 0499, 0500, 0502, 0503, 0505, 0506, 0507, 0508, 0509, 0555, 0564, 0597/04, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 632, 633, 634, 635, 636, 637 e 638/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson relatou seu comparecimento na Centésima Vigésima Nona festa em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, elogiando a organização desse evento e a participação da Brigada Militar. Também, mencionou matéria publicada no jornal Correio do Povo no dia dois de fevereiro do corrente, intitulada “244 pessoas morrem pisoteadas”, sobre peregrinos muçulmanos mortos na Arábia Saudita. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Ervino Besson, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma à Senhora Rachel Vieira da Fonseca, falecida ontem. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel referiu-se às manifestações de fé demonstradas durante a Centésima Vigésima Nona festa em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, cumprimentando a organização desse evento turístico de Porto Alegre. Ainda, reportou-se à ampliação do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, discorrendo acerca das alterações feitas nesse Hospital, e saudou os setenta anos do Hospital Parque Belém. O Vereador João Antonio Dib destacou matéria publicada no dia trinta e um de janeiro do corrente, no jornal O Sul, intitulada “Quer fiscalizar seu Vereador? Saiba como”. Ainda, lembrou o período em que exerceu o cargo de Presidente desta Casa, sem ter deixado de lado suas atribuições como Vereador, contestando declaração do Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre, sobre déficit nas contas públicas da Prefeitura Municipal, previsto para este ano. O Vereador Zé Valdir discorreu sobre medidas administrativas tomadas pelo Executivo Municipal, com o intuito de sanar as contas públicas. Também, contestou o aumentou nas tarifas cobradas pela Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE – e debateu dificuldades enfrentadas pela comunidade da Vila Asa Branca, na Zona Norte da Cidade, para instalação de pontos de energia elétrica, criticando a demora da CEEE em resolver o caso. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo, divergindo do Executivo Municipal quanto à falta de políticas adequadas para atenuar o problema de infra-estrutura das comunidades carentes, contraditou o pronunciamento do Vereador Zé Valdir, o qual criticou ações da CEEE no que se refere à instalação de energia elétrica na Vila Asa Branca e afirmou que essa demora se deve a estudos para a padronização da rede naquela comunidade. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Darci Campani contrapôs-se a declarações feitas pelo Vereador João Carlos Nedel, no dia vinte e nove de janeiro do corrente, discorrendo acerca dos conceitos de capitalismo e socialismo e afirmando que a preocupação democrática é uma das principais diretrizes do Partido dos Trabalhadores. Ainda, elogiou crônica de autoria do jornalista Juremir Machado da Silva, intitulada “Favela tipo exportação”, a qual analisa a importância do filme “Cidade de Deus”. Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou a presença do Senhor Paulo Amaral, Diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz debateu a questão das invasões de áreas públicas localizadas no Município de Porto Alegre e as conseqüências para as comunidades que se instalaram irregularmente nessas áreas, por ocasião de decisão judicial que determina sua desocupação compulsória. Nesse sentido, analisou a possibilidade de negociação entre os proprietários e a Prefeitura Municipal, no sentido de resolver essas situações da melhor maneira possível. O Vereador Reginaldo Pujol comentou a posse dos Desembargadores Osvaldo Stefanello, na Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, e Carlos Rafael dos Santos Júnior, na Presidência da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, ocorrida ontem, em Porto Alegre. Ainda, manifestou-se a respeito da criação de Cargos em Comissão pelo Governo Federal, da compra de avião para uso da Presidência da República e da convocação extraordinária do Congresso Nacional. O Vereador Sebastião Melo comentou reportagem publicada no jornal Zero Hora do dia trinta e um de janeiro do corrente, intitulada “Prefeitura encerra o ano com superávit”, explanando as razões pelas quais o Executivo Municipal divulgou, durante o ano passado, uma imagem de crise e falta de recursos para aplicação em obras e pagamento de reajustes salariais aos municipários. Ainda, criticou a atuação do PT na direção do Governo Federal. O Vereador Isaac Ainhorn dissertou acerca das diretrizes econômica e das políticas interna e externa seguidas pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República, contestando coligações feitas com representantes de diferentes ideologias partidárias, para composição do Governo Federal. Ainda, traçou paralelo entre a situação do País no momento atual e por ocasião do período em que o Senhor Fernando Henrique Cardoso exerceu a presidência da República. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, teceu críticas à atuação política e na área econômica por parte do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Governo Federal. Nesse sentido, lembrou a trajetória pública de Getúlio Vargas e João Goulart, afirmando serem esses ex-Presidentes do Brasil nomes representativos de Governos realmente embasados na liderança popular. Na ocasião, o Vereador Darci Campani manifestou-se acerca do encaminhamento dado pelo Executivo Municipal às obras de recuperação do Túnel da Conceição, no Centro da Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz, aludindo ao aumento de tributos, abordou gastos públicos direcionados ao Programa Fome Zero e questionou os objetivos da criação desse programa pelo Governo Federal. Ainda, avaliou conseqüências resultantes da aprovação, pelo Senado Federal, de Medida Provisória que alterou a sistemática de cobrança da Contribuição de Financiamento da Seguridade Social – COFINS. O Vereador João Antonio Dib reportou-se à manifestação do Vereador Darci Campani, quanto às obras de recuperação do Túnel da Conceição. Ainda, discorreu sobre a participação das associações de bairros nas decisões do Executivo Municipal, comparando a influência exercida por essas entidades atualmente e no período anterior à implantação do Programa de Orçamento Participativo em Porto Alegre. O Vereador Zé Valdir defendeu a atuação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Governo Federal, abordando a estrutura do Estado Brasileiro em termos de recursos humanos e afirmando ser o Programa Fome Zero resultante de uma grande mobilização nacional na busca de soluções para os problemas de exclusão social vividos no País. Também, discutiu a qualidade dos serviços prestados pela CEEE à população porto-alegrense. O Vereador Reginaldo Pujol analisou o trabalho realizado na direção do País pelos Senhores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, respectivamente Presidente e ex-Presidente da República, comparando as ações implementadas por esse dois políticos, no campo da política externa e da política econômica, em especial quanto a acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional – FMI. Às onze horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos ao período de
O
Ver. Ervino Besson está com a palavra por transposição de tempo com o Ver. Zé
Valdir.
O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, pessoas
que nos acompanham nas galerias e pela TVCâmara, quero agradecer ao Ver. Zé
Valdir que me permitiu a permuta do tempo para que eu pudesse me pronunciar em
primeiro lugar.
Cara
Presidenta, eu não poderia deixar de, no dia de hoje, me pronunciar sobre a
129ª edição da festa de Nossa Senhora dos Navegantes.
Estivemos
presentes, juntamente com diversas autoridades – o Governador do Estado,
Germano Rigotto; o Presidente da Assembléia Legislativa do Estado, o Dep.
Vieira da Cunha; o Prefeito da Cidade, João Verle; o Ministro das Cidades, o
Dr. Olívio Dutra; a Presidenta da Câmara, Verª Margarete Moraes; o Secretário
de Educação, José Fortunati; o Secretário de Turismo, Dep. Lara, enfim,
diversos Deputados e Vereadores que se fizeram presentes na 129ª festa de N.
Srª dos Navegantes.
Sem
dúvida nenhuma, foi uma das maiores festas. Conforme os dados que nós temos,
desde o dia 18, quando se iniciaram as novenas, se fizeram presentes nada mais,
nada menos do que um milhão de pessoas, para que os ouvintes que nos assistem
pela TVCâmara façam cada um a sua reflexão, a sua avaliação da presença de
público da 129ª festa de Nossa Senhora dos Navegantes.
Esse
novo Projeto se definiu com a imagem exposta no pátio externo do santuário,
onde os fiéis puderam circular com maior conforto e rapidez. Certamente o
número de pessoas atendidas dobrou em relação às outras festas. Esse novo
Projeto também colocou à disposição dos visitantes um rápido e eficiente
serviço de cidadania, denominado: Com fé
pela inclusão social, como confecções de documentos, cortes de cabelos,
atendimentos especializados às crianças com problema de paralisia e muitas
outras orientações e atendimentos.
E
também não podemos, aqui, meus caros colegas Vereadores, deixar de destacar a
colaboração do Estado e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre pela grande
colaboração.
Acredito
que todos leram os jornais de ontem e puderam ver nas notícias que, na Arábia
Saudita, 240 pessoas foram pisoteadas naquela grande caminhada de Mesquita, em
Meca.
Mas
eu quero, aqui, fazer um reconhecimento muito especial, meu caro Ver. João
Antonio Dib, à nossa Brigada Militar, pelo trabalho, pela organização. A
Brigada foi comandada pelo Cel. Ferreira e pelo Major Rezovi, e contou com
outros oficiais, sargentos, cabos e soldados, responsáveis pela organização.
Tivemos a oportunidade de acompanhar o atendimento especial dado pela Brigada,
durante o percurso, durante o dia todo, às pessoas que desmaiaram devido ao
forte calor. Nós comentávamos com o Provedor Aldo Besson e com o Governador
Rigotto, sobre a organização da nossa Brigada Militar, pois não foi registrado
sequer um incidente.
Quando
um Vereador fala desta tribuna, ele fala em nome da Cidade, porque foi eleito
por uma parcela da população. Então, em nome desta Cidade, fica aqui o nosso
reconhecimento à nossa gloriosa Brigada Militar, pelo trabalho desenvolvido, e
também à imprensa, pela divulgação. Quem leu os jornais teve a oportunidade de
ver o destaque dado pela imprensa à festa de Nossa Senhora dos Navegantes, essa
nossa mãe, essa mãe verdadeira.
Queremos
também saudar, em nome da Cidade de Porto Alegre – e por que não em nome do
nosso Rio Grande e do nosso País? - o Provedor Aldo e sua esposa; o
Vice-Provedor Leonir Mocelin e sua esposa; o Sr. Juarez, um dos organizadores;
os juízes festeiros e os remadores, pela organização. Sem dúvida nenhuma, esse
evento é um orgulho para a nossa Porto Alegre, para o nosso Rio Grande. Também
saudar Dom Dadeus Grings, que pregou a missa campal com diversos sacerdotes,
Pe. Remi Maldaner, que é o Pároco da Igreja, pela organização de fé; nós temos
que ter fé, sem dúvida nenhuma. Como já disse, desde o dia 18, quando se deu
início às festividades, mais de um milhão de pessoas se fizeram presentes lá na
Igreja Nossa Senhora dos Navegantes.
Portanto,
meus caros colegas, pessoas que nos assistem pela TV Câmara, que esta Santa
proteja a nós, parlamentares, todas as autoridades que lá se fizeram presentes,
as milhares de pessoas que lá estavam pagando suas promessas, a nossos
governantes, para que possamos cumprir com o nosso dever, porque a nossa
responsabilidade a gente sabe que não é nada fácil para ninguém, mas nós temos
que ter uma proteção divina, e tenho a certeza de que a nossa proteção virá da
nossa mãe verdadeira, que é Nossa Senhora dos Navegantes. Fica, em nome da
Casa, esse reconhecimento.
Uma
notícia triste: fiz uma permuta com o meu colega Ver. Zé Valdir, a quem
agradeço mais uma vez, pois vou-me retirar neste momento para acompanhar o
enterro de nossa colega Rachel Vieira da Fonseca, a Keka, que faleceu na noite de ontem. Lamentável! O PDT tem de prestar-lhe
uma homenagem por tudo o que representou em sua trajetória de vida, uma pessoa
que levou a bandeira do trabalhismo no seu peito, com muita luta e galhardia.
Tenho a certeza de que a Keka está lá
no céu. Então fica, em nome da Casa, do PDT e dos teus colegas, o nosso
reconhecimento: muito obrigado por tudo o que fizeste nesta tua rápida passagem
aqui no planeta Terra.
Srª
Presidenta, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento da Srª Rachel
Vieira da Fonseca, a Keka.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Deferimos o pedido.
(Faz-se
um minuto de silêncio.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu solicito que o Ver. Ervino Besson leve
aos familiares, ao Ver. Goulart, os pêsames, os respeitos desta Presidenta, do
Secretário, e em nome de toda a Mesa desta Casa.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidente, Srs. Vereadores, o Ver.
Ervino Besson falou da grande demonstração de fé que foi a procissão de Nossa
Senhora dos Navegantes, que se renova há vários anos sempre com essa
manifestação de fé.
A
confiança que o povo porto-alegrense tem na mãe de Deus sempre, traz
benefícios. Eu participei de toda a procissão, das duas missas, uma celebrada
na Igreja Nossa Senhora do Rosário e a outra na Nossa Senhora dos Navegantes e,
conversando com as pessoas que lá estavam, como, por exemplo, caminhando
descalços, ouvia delas as graças que receberam. Lembro-me de uma senhora que
falou que o seu filho estava desenganado, paralítico, os médicos diziam que não
caminharia mais, que não se levantaria mais da cama, e ela fez a promessa a
Nossa Senhora dos Navegantes, e o seu filho caminha, é um profissional de
sucesso, tem família, tem filhos, e lá estava aquela mãe, pagando a promessa,
caminhando descalça, ela, a filha e a sua neta. Que coisa! Que demonstração de
fé!
Mas,
eu gostaria, então, em nome do Partido Progressista, de cumprimentar a
Irmandade de Nossa Senhora dos Navegantes, que organiza essa procissão, esses
festejos de Nossa Senhora dos Navegantes, pelo sucesso desse grande evento
turístico que é para a nossa Capital; um evento turístico e um evento de fé.
Parabéns aos organizadores.
Com
muita alegria, eu vi a inauguração da ampliação do Hospital de Pronto- Socorro
de Porto Alegre. Embora com quase três anos de atraso, financiada com o recurso
do FONPLATA, um Fundo de
Financiamento, finalmente a vimos concluída. Então, essa nova parte, ao que me
consta, sediará as dependências administrativas, e, agora, iniciarão algumas reformas
internas na parte médica. Com a passagem da parte administrativa para essa nova
ampliação, sobrarão recursos para ampliação da área médica, tão importante para
a nossa Cidade. Quando a gente vê acidentes de trânsito que têm ocorrido e que
ocorreram nesse final de semana – lamentáveis -, a gente vê a importância do
nosso Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre, que presta serviços tão
importantes.
E por falar em Pronto-Socorro, eu gostaria de ressaltar os setenta anos da Instituição Mantenedora do Hospital Parque Belém, que se chama Sanatório Belém. Construída por volta de 1930, 1940, e concluída em 1950, presta um serviço inestimável a toda a população do nosso Estado. Em visita às suas instalações, pude verificar as melhorias que lá estão sendo realizadas. No ano em que o Prefeito Municipal declara que será o ano da saúde, no ano em que vimos lotações dos hospitais públicos que atendem pelo SUS, lá no Hospital Parque Belém há sobra de leitos, há sobra de vagas para internamento, o que falta é Autorização de Internação Hospitalar, as chamadas AIH’s. Seria importante - e aqui faço um apelo ao Sr. Prefeito e à Srª Secretária da Saúde do Município para que reavaliem essa situação - que, se possível, se carreiem mais algumas vagas para aquele Hospital, para que a população seja atendida. Existem leitos disponíveis.
O
Hospital também fez investimentos na área de pronto atendimento, na área de
pronto- socorro. Há instalações, há equipamentos, mas a Prefeitura não autoriza
o funcionamento. O Hospital Parque Belém, localizado na Zona Sul, bem que
poderia ser o famoso Pronto-Socorro da Zona Sul. Está lá, praticamente pronto,
as instalações concluídas, faltam um ou outro equipamento, mas acontece que não
tem autorização para funcionar como pronto-socorro, atende a outros convênios e
não atende, normalmente, pelo SUS, porque faltam autorizações.
Gostaria de cumprimentar a
direção desse Hospital na pessoa do seu Presidente Bonifácio Glass; do seu
Diretor, Dr. Pilla, de todo o corpo médico, de todo o corpo funcional, os
cumprimentos pelos 70 anos de existência.
Eu
serei, logo após, substituído aqui, na tribuna, pelo ilustre Ver. João Antonio
Dib, que, certamente, irá falar sobre a situação financeira do Município, ele
que sempre e sempre e pioneiramente colocou aqui, nesta tribuna, que não
concordava com as contas do Município, que não era o que estava sendo
apregoado. Eu tenho certeza de que o Ver. João Antonio Dib vai expor, explicar
à população a verdadeira situação financeira do nosso Município.
Por
último, gostaria de enfatizar uma coisa que estou estranhando. No ano passado,
nessa época, a Secretaria Municipal de Obras e Viação apregoou a reforma e
recuperação do Túnel da Conceição. Informou que estava sendo feito um edital de
licitação para as obras importantes de recuperação desse equipamento público.
Dizia a nota da SMOV que as obras seriam iniciadas no primeiro semestre de
2003, já estamos no primeiro semestre de 2004, e não vi início de obra. Estou
fazendo um Pedido de Informações ao Sr. Prefeito para que informe o que
aconteceu, Ver. Luiz Braz, se houve um fato novo, se realmente as dificuldades
foram sanadas por um passe de mágica, se houve equívoco na avaliação de
engenharia desse grande equipamento, pois até agora, decorrido praticamente um
ano da notícia, não vi ocorrer nenhum fato. Sabemos que várias obras estão em
atraso, mas ao menos poderíamos ser informados se o Túnel da Conceição oferece
ou não perigo para os transeuntes, para os que lá circulam. Gostaria de obter
essa informação, porque a população de Porto Alegre merece ser informada. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Registro a presença do Ver. Luiz Braz e
do Ver. Reginaldo Pujol nesta Sessão Representativa.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, nobre Verª Margarete
Moraes, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu quero que as minhas
primeiras palavras no dia de hoje sejam de homenagem, de cumprimentos ao jornal
O Sul, pela matéria que publicou no dia 31 de janeiro, sábado, orientando a
população para fiscalizar o seu Vereador e dando um decálogo para que a
população pudesse escolher os seus Vereadores. Realmente é muito importante que
a população saiba do conteúdo desta matéria (Mostra o jornal.), porque eu já
tentei, em 1996, fazer algo semelhante, eu escrevi um comentário “Adote o seu
Vereador”. Eu acho que, se a população fizesse isso, nós teríamos, não só na
Câmara Municipal, mas em todos os níveis do Legislativo, representantes da melhor
qualidade. Porque eu tenho dito reiteradas vezes nesta tribuna, que a primeira
condição do legislador é a de fiscalizar, ele até pode fazer leis. Neste País
há leis em excesso; nós não precisamos de mais leis, nós precisamos fiscalizar
o cumprimento das leis que são votadas nos Parlamentos e esquecidas nos
Executivos. Mas exerci a Presidência da Casa durante um ano e três dias. Nesse
período, eu também não esqueci o meu dever-poder ou o meu poder-dever de
fiscalizar - como quiserem; eu fiscalizei. No dia 12 de maio de 2003, o
Prefeito anunciava à Cidade a viabilidade de um déficit de 75 milhões de reais.
E eu, mostrando a harmonia e a independência de Poderes, que estão determinados
na Lei Orgânica, dizia, textualmente (Lê.): "Hoje a Cidade foi surpreendida
com a declaração de S. Exª, o Sr. Prefeito Municipal, de que o déficit previsto
para este ano é de 75 milhões de reais. Eu não tenho nenhuma razão para
acreditar na afirmação de S. Exª, o Sr. Prefeito Municipal, e, como responsável
por um dos Poderes da Cidade, eu também tenho de tranqüilizar a população de
que nada disso vai acontecer”. E eu encerrava o meu pronunciamento dizendo: “Eu
não estou entendendo, sinceramente, a declaração de S. Exª, o Prefeito
Municipal, mas não concordo em nada com o que ele diz. Tenho-o na conta de
excelente administrador, mas, hoje, acho que ele não foi muito feliz. Saúde e
paz!” Assim encerrava.
O Sr. Sebastião Melo: Vossa Excelência permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, muito obrigado pelo aparte.
Apenas para corroborar o que V. Exª está dizendo. O Prefeito atingiu o seu
objetivo; na verdade ele fez uma grande maquiagem por intermédio do Secretário
da Fazenda, para não dizer uma fraude no Orçamento, para poder cortar a
bimestralidade dos servidores, o que fez com maestria, porque anunciava 75
milhões de reais de déficit e apresenta o balanço com 54 milhões de reais de
superávit. Isso é o que V. Exª dizia desta tribuna e o que eu várias vezes
disse também: na verdade, era uma grande maquiagem para tirar o direito dos
trabalhadores, a bimestralidade, os pãezinhos e o leite do trabalhador da SMOV.
Essa foi a realidade nua e crua desse processo.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereador, agradeço pelo aparte de
V. Exª e, como eu sempre tenho dito, nenhuma vez utilizo números inventados.
Sou um leitor assíduo do Diário Oficial, sou um pesquisador da execução
orçamentária da Prefeitura e aqui está a declaração, também de sábado, do nobre
Secretário da Fazenda dizendo que fechou o exercício de 2003 com um superávit
de 54 milhões de reais. É verdade, Ver. Sebastião Melo, o problema da
bimestralidade, mas também nesta tribuna eu disse, em maio do ano passado,
quando o Prefeito diminuiu a bimestralidade... Em vez de pagar os 2,46% devidos
aos servidores municipais, apenas deu 0,54%, e é claro que outra vez eu não
faria, se não fosse o cuidado que eu tenho com os números assinados sempre por
S. Exª o Sr. Prefeito e o Sr. Secretário da Fazenda. Eu mostrava, com todos os
dados, que a informação que ele dava aos servidores municipais de que a
arrecadação nos doze meses que antecederam maio era de um bilhão e 460 milhões,
na realidade foi um bilhão e 512 milhões, o que permitia, o autorizava e o
obrigava a pagar a bimestralidade. Pode-se notar, no expediente que eu organizei
nesta Casa, que o próprio Secretário da Fazenda afirmou que arrecadara um
bilhão e 512 milhões de reais. Mas a bimestralidade não foi paga. Agora, no mês
de dezembro, quando a Prefeitura arrecadou 215 milhões de reais, não poderia
ter negado a bimestralidade para os servidores do Município. E vejam que os
2,46% de maio seriam acrescidos de 0,25 em novembro, e, agora, 1,18. Isso a
Prefeitura tinha e poderia ter pago.
Eu
também ouvi muita coisa sobre CPI da Saúde, mas eu fiscalizei. Durante todo o tempo
eu informei, nesta tribuna - poucas vezes eu a utilizei porque eu era o
Presidente -, que não havia diminuição de recursos do SUS para Porto Alegre.
Até na semana passada, ainda ouvi Vereador nesta tribuna dizendo que os
recursos encaminhados para o SUS em Porto Alegre diminuíram em 30%. Não! Eles
aumentaram. Está aqui, à disposição da Comissão Parlamentar de Inquérito, de
que Porto Alegre recebeu 427 milhões de reais para o SUS, todos em ordens
bancárias únicas, em títulos, os mais diversos, mas, especialmente, na área da
gestão plena do sistema municipal, 350 milhões e 480 mil reais. Mas aqui há
outros títulos, por exemplo: queimados, tabagismo, cataratas – quantas pessoas
precisam fazer operação de cataratas e não conseguem! Mas há recursos, estão é maldistribuídos,
mal-usados.
Portanto,
Srª Presidente, Srs. Vereadores, do que nós precisamos, mesmo, é fiscalizar, e
muito bem, com números corretos, para que nós não sejamos diminuídos nas nossas
posições, porque nós apresentamos números que podem ser contestados. Não! Os
números têm de ser corretos! Os números têm de ser aqueles que estão no Balanço
da Prefeitura! Isso nós fizemos com muita tranqüilidade. Até para dizer que a
previsão de repasse da Prefeitura para o SUS, no ano que passou, era de 376 milhões
de reais. Eu, no início do ano, disse que não passaria de 250 mil reais, porque
eu não consegui saber como é que chega o dinheiro, por uma ordem bancária para
a Prefeitura, e não está na contabilidade da Prefeitura. Isso não me foi
explicado até hoje!
O Sr. Darci Campani: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero parabenizar o Vereador, porque ele sempre tem números. Vamos
tentar ver as respostas para os seus números!
Realmente,
hoje, nós estamos com dificuldades. O Governo do Estado tinha uma home page para acesso direto: qualquer pessoa podia acessar os números de repasse
do Governo do Estado para as Prefeituras. Infelizmente o atual Governo do
Estado tirou essa home page; por isso
não se tem mais, como cidadão, acesso a esses números, o que nos traz
dificuldades. Mas nós vamos procurar, junto à Prefeitura, saber o que foi,
realmente, repassado.
Concordamos
com a sua posição em relação à fiscalização, e deve ser o papel... Se é que vai
ocorrer uma CPI nesta Câmara, que seja, realmente, de fiscalização e não
política.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereador, eu sou grato pelo aparte
de V. Exª - vou encerrar, Srª Presidenta -, mas eu não posso culpar o Estado
pelas mazelas da Prefeitura.
Eu
li, desde a primeira vez, e disse que gostaria de uma explicação: como é que
veio uma ordem bancária de 28 milhões de reais todos os meses, e, na Execução
Orçamentária, aparece 18, 20, 21, nunca passa de 22 milhões de reais? Isso eu
não consegui entender, e ninguém me explicou, mas eu vou continuar fiscalizando.
E cumprimento mais uma vez o jornal O Sul por sua brilhante matéria, que eu
gostaria que todos os Vereadores, especialmente a população, lessem. Saúde e
paz!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero registrar a presença do Ver.
Sebastião Melo e do Ver. Isaac Ainhorn.
O
Ver. Zé Valdir está com a palavra por transposição de tempo com o Ver. Ervino
Besson em Comunicações.
O SR. ZÉ VALDIR: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, eu hoje
vou falar sobre a CEEE, mas, antes disso, eu não posso deixar de fazer um
registro a respeito da fala do Ver. João Antonio Dib, dizendo que não há
nenhuma contradição em se afirmar que havia um déficit previsto e acabou-se o
ano com superávit. Isso é sinal, simplesmente, de uma coisa: que as medidas
sérias que nós adotamos, a constatação que nós fizemos, com a responsabilidade
que cabe ao Executivo Municipal, surtiram efeito, resultaram exatamente no que
se queria com essas medidas. Queria-se que essas medidas contribuíssem para
sanar o problema financeiro que nós apontamos e projetamos, e, justamente em
função disso, adotaram-se uma série de medidas que esta Casa acompanhou. Então,
é simplesmente um resultado positivo de medidas administrativas responsáveis e
duras que nós tomamos para que chegasse ao fim do ano com uma situação mais
favorável.
Mas
a CEEE é um caso muito sério. A CEEE está-se tornando um caso de polícia.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)
O SR. ZÉ VALDIR: A CEEE está-se tornando um caso de
polícia com os aumentos que está colocando para o consumidor. Vossa Excelência,
como partilha do Governo do Estado, esta bela administração paz e amor, não fala disso. Fala de
todas as taxas municipais, mas dessa não. Parece que a população de Porto
Alegre não paga taxa de luz, que sobe astronomicamente, é um reloginho descontrolado.
A
CEEE é um caso de polícia, porque a CEEE – acompanhamos durante todo o primeiro
ano do Governo Rigotto a série de falcatruas na CEEE, denunciada pela imprensa,
e trocas sucessivas de presidente – anda agindo de forma eleitoreira nas vilas,
antiética, não-transparente e contrária aos interesses populares.
O Sr. Sebastião Melo: Vossa Excelência permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Com referência à questão dos aumentos, Ver. Zé
Valdir, só quero lembrar a V. Exª que essa matéria é regulada pelo Governo
Federal. As companhias de energia elétrica só aumentam mediante autorização do
Governo da República. Então, se há aumento aqui, é porque há, sem dúvida
nenhuma, orientação do Governo Federal. Vamos deixar isso claro.
O SR. ZÉ VALDIR: Vamos deixar claro que isso é um efeito,
inclusive, de todas aquelas políticas de que o Governo de V. Exª participou, de
privatizações, de todas aquelas políticas do Fernando Henrique, de que V. Exª
gosta tanto. Isso ainda é conseqüência, mas nós vamos colocar a casa em ordem.
Neste
semestre, eu recebi uma solicitação dos moradores da Vila Asa Branca, da Zona
Norte, que estavam encontrando algum tipo de dificuldade para convencer a CEEE
a colocar menos de 10% da rede de energia elétrica naquela comunidade, já que
em 90% a CEEE já colocou luz, ao longo dos últimos anos, naquela comunidade.
Então, nós entramos em contato com a CEEE, formalizamos novamente essa
solicitação, e a CEEE mandou uma técnica – não me lembro o cargo dela, eu penso
que é ligado ao setor de comercialização – na comunidade, em meados do segundo
semestre. Eu fui até o local, e essa senhora chamada Rosane argumentou que só
não colocava a luz, porque faltava autorização do DEMHAB. Eu achei estranho,
porque o DEMHAB resolve os problemas do DEMHAB, a Prefeitura resolve os
problemas da Prefeitura. A Prefeitura colocou água naquela comunidade, fez tudo
o que pôde. A CEEE inclusive outrora colocou luz, não precisou de autorização
do DEMHAB e agora por que precisava de autorização do DEMHAB? Mas, com muito
esforço, consegui convencer o DEMHAB a marcar uma reunião num local, no dia 12
de janeiro, para colocarmos frente a frente o DEMHAB e a CEEE. E o que
aconteceu? A CEEE não foi. E nessa reunião o DEMHAB se comprometeu a
encaminhar, no dia seguinte, já que estavam dizendo, mas que ele não tinha de
autorizar nada para a CEEE, mas já que esse era o argumento, que o DEMHAB faria
um ofício autorizando. Está aqui o Ofício. No dia seguinte, foi encaminhado para
o Sr. Antonio Carlos Brites Jaques, Diretor-Presidente da CEEE. Deixei passar
uma semana e pedi que o meu assessor entrasse em contato com a Dona Rosane que
havia dito que o único problema era a falta de autorização do DEMHAB, que
estava tudo pronto para colocar a luz no local, e que o DEMHAB que era o
empecilho, e o meu assessor teve dificuldades para se comunicar com a Dona
Rosane pela grosseria como o tratou. Deixei passar mais uma semana, e, na
semana passada, liguei para a Dona Rosane para perguntar quando iria iniciar as
obras de expansão da rede elétrica. A Dona Rosane foi de uma grosseria absoluta
comigo, porque não só disse que não tinha de dar explicação, que não poderia
dizer quando iria ser colocado, como também apresentou mais duas coisas que faltavam,
pois, quando foi para falar para a população, o DEMHAB era o culpado, faltava
só o DEMHAB: faltavam o projeto e a liberação financeira. Só, então, ela foi
dizer que não era a questão do DEMHAB; o DEMHAB era uma desculpa. Como ela
insistia em não me dizer quando iriam iniciar as obras, eu insisti em cobrar e,
pasmem, perguntei: ”Mas sai este ano?” Nem essa informação ela quis me dar,
dizendo que não tinha de me dar explicação e batendo o telefone na minha cara.
Esse é o tratamento, e é por isso que no Estado não há obra atrasada, é por
isso que no Município, às vezes, há obra atrasada, sim, porque nós colocamos
transparentemente no caderninho e sai ali início e fim das obras e as pessoas
podem acompanhar e saber quando está atrasada. Agora, no Estado, eles sequer
dão informação, no início do ano, se aquela obra vai iniciar dentro do mesmo
ano, batem o telefone na cara da gente, eu como parlamentar, imaginem o que não
fazem com o povo, com as lideranças comunitárias. Simplesmente estão acima dos
meros mortais, que somos nós, não dão explicação e fica tudo por isso mesmo.
Mas
eu vou denunciar e quero a parceria, aqui, dos Vereadores, que são dos partidos
que apóiam o Governo do Estado, para me ajudarem a intermediar e, se
necessário, vou pegar um deputado e vou até o Palácio Piratini, mas isso não
pode ficar assim. Uma empresa pública agindo dessa forma com as vilas populares
e com o desrespeito aos legítimos representantes, como V. Exªs. costumam dizer,
da Cidade, que somos nós. Não aceito essa falta de transparência, não aceito
essas negativas e não aceito essa falta de educação no trato com qualquer
pessoa, inclusive, com parlamentares. É muito sério isso!
Vejam
bem a politicagem que está por trás! Primeiro, não há projeto, não há
liberação, mas vão lá na vila, inventam uma autorização do DEMHAB, o DEMHAB dá
autorização, não põem, e, simplesmente, batem o telefone na cara da gente.
Essa
é a administração paz e amor,
administração Rigotto, onde não há Orçamento Participativo, não há obra
atrasada, claro, e nem pode haver, porque ninguém sabe, ninguém fica sabendo
quando as obras vão começar e quando vão terminar, porque é segredo de Estado.
Eles não revelam para ninguém poder cobrar. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, venho a
esta tribuna em respeito à manifestação do Líder da Bancada continuísta, que
representa, nesta Casa, o seguimento do Governo Fernando Henrique, que é o Ver.
Zé Valdir.
Ver.
Zé Valdir, quando V. Exª estava falando, prontamente, e é o dever, da mesma
forma que V. Exª, aqui, representa o Governo Municipal, fui buscar as
informações necessárias que foram colocadas pelo Presidente da CEEE, pelo Sr.
Ricardo, Gerente de Porto Alegre e pela Srª Rosane, assistente do Sr. Ricardo.
V.
Exª sabe, assim como eu, que temos, hoje, em Porto Alegre, 483 vilas
irregulares, e o seu Governo tem muita responsabilidade nisso, porque transformou
esta Cidade numa cidade clandestina, na sua grande maioria.
O
Ver. Reginaldo Pujol , que foi Diretor do DEMHAB, Ver. João Dib, que foi
Prefeito, sabem que é preciso a autorização da municipalidade para passar uma
rede pública de energia elétrica. E não é só neste Governo, mas em qualquer
governo. Tanto é que lá na sua região, na 14 de Novembro, há uma demanda da
comunidade, um abaixo-assinado; e que lá o cara havia autorizado, no Governo do
Olívio Dutra, e os senhores não fizeram a obra. E agora - no Estado - estava
orçado nas pequenas obras, foi buscar autorização e estavam fazendo corpo mole porque não partiu do Governo
de Vossa Excelência. Quero dizer a V. Exª que a obra da Asa Branca será
atendida nos padrões regulares da CEEE. Disse-me o gerente que mediante a
autorização os orçamentos são feitos. Porque no nosso Governo a gente faz
orçamento e concorrência; no seu Governo se compra até avião sem concorrência!
No nosso Governo se faz concorrência; no seu é diferente, compram dos amigos,
dos parceiros. Então, há diferença, sim. A obra vai sair, e em março os
orçamentos estarão prontos e lançados e a obra sairá ainda neste semestre. E o
gerente da CEEE está disposto a receber V. Exª e a sua comunidade, que V. Exª
marque e vá lá conversar, ele me disse agora, no telefone, não há problema
nenhum.
Agora,
V. Exª sabe que há uma Procuradora especial, Srª Presidenta, na Procuradoria da
Casa, do Município, que trata especificamente dessa matéria, que vale para a
Zona Leste, Oeste, Norte. A CEEE não pode entrar fazendo obra em qualquer
lugar, nem poderia, mesmo porque a rua que hoje está traçada aqui, o traçado
pode ser ali amanhã. Então, a rede que pode ser do lado esquerdo, amanhã tem de
ser do lado direito; e quem é que vai pagar esse investimento? Então, por favor,
Ver. Zé Valdir, não vamos colocar chifre
em cabeça de égua, não vamos colocar aqui, se houve, por parte de uma
funcionária - que é uma pessoa correta porque eu a conheço -, um excesso de um
telefonema, pois vamos tratar as coisas democraticamente, no bom debate, não há
nenhum problema nisso. Se é uma demanda justa, essa demanda vai ser atendida
pela CEEE. Agora não vamos dizer que há politicagem no meio, porque politicagem
quem faz é o seu Governo, que é especialista em manipular orçamento aqui nesta
Casa, em vender facilidades, discursar para os pequenos e governar para os
grandes! Por que V. Exª não vem aqui falar do avião de 60 bilhões de dólares
que o seu Governo vai comprar, dando emprego lá para os franceses em detrimento
da Embraer? O nosso Governo é diferente, Ver. Reginaldo Pujol, até para fazer a
pequena obra da CEEE há concorrência, há transparência. Em matéria de falcatrua
os senhores tiveram um especialista aqui na Corsan, nessa matéria. E
assessorados pelo Dr. Diógenes, que é especialista nessa matéria e fez
pós-graduação e agora parece-me que é assessor do Ministro Olívio lá em
Brasília... Então, nessa matéria de falcatrua o PT se especializou, pós-graduou
e parece que vai abrir uma faculdade agora no Exterior sobre essa matéria de
operação do toma-lá-dá-cá. Então, vamos devagar com o andor que o santo é de
barro.
Mas
eu quero voltar a dizer que a CEEE tem como prioridade as pequenas obras, a
CEEE está atendendo a comunidade de Porto Alegre, independente de Partido
político, sendo do PT, do PDT. Agora, não venha V. Exª, porque o DEMHAB que
cuida, sim, das áreas irregulares, e tem de dar autorização, porque a CEEE não
pode. E eu vou buscar, ainda hoje, e na Sessão que vem ou na outra, vou trazer
aqui uma lista de localidades em que a CEEE não colocou luz, porque o DEMHAB
não autorizou. E aí eu vou devolver a V. Exª, que é diligente e que é um homem
correto e que é um homem de bem, V. Exª vai ser meu procurador junto à
Prefeitura para autorizar. Porque o seu Governo é tão diligente que, em 2001,
quando eu assumi nesta Casa, aqui no Campo do Cristal, aquelas 200 famílias só
tinham uma peninha de água que chegava às três primeiras famílias, as outras
famílias nem água tinham!
Eu
encerro, dizendo o seguinte: o nosso Governo, sim, faz concorrência, por isso
demora um pouco. O Governo do Lula compra até avião sem concorrência. Essa é a
diferença do PMDB governar para o PT recauchutado, seguidor do Soros e do
Fernando Henrique. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Darci Campani está com a palavra
em Comunicações.
O SR. DARCI CAMPANI: Srª Presidenta, Vereadores aqui
presentes, eu vou trocar um pouco o rumo da conversa, tenho assistido aqui na
Reunião da Comissão Representativa algumas discussões bastante interessantes a
respeito de aspectos mais da política em geral, que eu acho que deveriam ter um
espaço privilegiado nesta Casa, pelo menos um espaço de concentração maior,
nesta Casa, que é a discussão dos rumos políticos mais gerais, não só da Cidade,
não só do País, mas da humanidade, das propostas políticas para a humanidade. O
Ver. João Carlos Nedel, que deve estar escutando do seu gabinete, na semana
passada - e eu o respeito muito, já falei inclusive ao Ver. João Antonio Dib
também, que o meu pai foi militante, não filiado, mas militante apoiador do
Partido do qual fazem parte o Ver. Nedel, o Ver. Dib, e ele tinha as mesmas
idéias, idéias que a gente acompanhou, sempre, desde cedo, e discordamos delas.
Lembro-me quando eu entrava na faculdade, em 1975, a primeira coisa que meu pai
dizia era: “Cuidado com os 'caras' do Diretório Acadêmico, aquilo ali são um
bando de comunistas, afasta-te deles, porque eles são todos malvados, comem
criancinhas e têm idéias ruins”. E aí, fui entrando na faculdade, a gente foi
conhecendo a realidade, abrindo a cabeça para outras discussões e vendo que
existia uma outra possibilidade de se construir uma outra sociedade. E agora
temos o nosso Fórum Social Mundial que todos os anos reafirma que um outro
mundo é possível.
Eu
sempre ouvia aquele discurso dos capitalistas, dizendo que o socialismo não deu
certo em lugar nenhum – e foi a repetição da frase exata que o Ver. Nedel disse
aqui no plenário, na quinta-feira passada. Que aqueles velhos... que vêm pregar
aqui o socialismo que não deu certo em lugar nenhum. Só que nunca eu vejo o
complemento dessa frase. O capitalismo também não deu certo. E aí, qual é a
solução? Por que é que essa frase nunca é concluída? Por trás dessa frase estão
as pessoas que defendem o capitalismo como um sistema, porque elas acham que é
certo; e é certo uma pessoa explorar a outra, porque ela é a dona dos meios de
produção. Por que é que nunca vem esse complemento?
O
socialismo, conforme alguns modelos que foram implantados no Leste Europeu, que
nunca teve o apoio da imensa parcela dos hoje militantes do PT. E vamos fazer
aquela correção que o Ver. Zé Valdir pedia na semana passada, inclusive o Ver.
Nedel foi o que acertou em relação a trotskismo e stalinismo; o Ver. Isaac
Ainhorn infelizmente errou na assertiva sobre stalinismo e trotskismo; parece
que ele não domina bem as correntes internas do PT, de saber quem é de um lado
e quem é de outro. Mas o PT se criou com grande parte das pessoas que saíram da
tendência socialista do MDB, porque viam que um novo mundo, já naquela época,
era possível; e se criou na crítica ao stalinismo, que também na época militava
no MDB. Hoje, setores do stalinismo ainda estão no PMDB, setores que estavam na
mídia, na semana passada, porque negociaram petróleo com o ditador, derrubado
pelo outro ditador Bush. Então, o pessoal do PMDB tem de justificar essas
negociatas internacionais que fizeram com o petróleo de ditadores.
Mas eu gostaria de entrar mais no rumo da
discussão desse Projeto que a gente tem para a sociedade e eu acho que é isso
que a Câmara deveria, às vezes, discutir também.
O Sr. Zé Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Darci, aliás alguns Vereadores da Oposição fazem uma confusão
que deve atrapalhar as pessoas que estão-nos assistindo. Criticam o PT, ora por
ser, segundo eles, um Partido de pensamento único, e ora por ser o Partido das
tendências. Ora, uma coisa é absolutamente inversa da outra, é contraditório.
Porque a visão de Partido único, monolítico, é uma visão stalinista, a visão de
um Partido com direito de tendências é uma visão mais trotskista são fontes
históricas e projetos completamente diferentes, então eles têm de se entender:
ou eles acham que o PT é o Partido do pensamento único ou eles acham que o PT é
um Partido de tendências; agora, as duas coisas ele não pode ser.
O SR. DARCI CAMPANI: Inclusive algumas incoerências a gente
acaba encontrando no próprio campo do trotskismo, pois a Deputada Luciana Genro
- a quem prezo muito, com quem tive discordâncias no período em que ela estava
dentro do PT, mas sempre nos aliamos no campo de esquerda do Partido -, já
comprovou: não consegue fazer a fusão que criaria um novo Partido. O primeiro
ponto, Ver. Zé Valdir: o PSTU, que se diz um partido revolucionário, de extrema
esquerda, não tem direito de tendências. Então, realmente o PT é um Partido
democrático, com estrutura democrática, com suas tendências, com sua unidade,
que tão brilhantemente o Ver. Pedro Américo Leal sempre lembra: nós discutimos
internamente, mas na hora da ação temos a unidade necessária para a nossa ação
coletiva, porque nós temos um projeto de sociedade. Desse debate, do ponto de
vista ideológico, eu me lembrei bastante, porque no final do semestre na UFRGS,
onde estou agora também na figura de aluno, um colega meu trazia esse debate;
alguns colegas apresentavam numa disciplina da Faculdade de Educação, a visão
de Hegel e Marx no desenvolvimento do pensamento dialético, um pensamento
típico nosso, da evolução do pensamento ocidental, a questão da dialética, e um
colega que estava lá, assistindo a apresentação do trabalho levantou e disse:
“Não, porque Marx achava isso e achava aquilo sobre o capitalismo e sobre os
burgueses. Porque Marx jamais iria pensar que poderia um burguês ser bom; para
ele todo burguês era ruim”. Marx não era tão restrito assim, o que Marx nos
propõe não é uma simples separação da sociedade em classes estanques e acabou:
esse é burguês e esse é proletário. Marx, em seu conhecimento, nos propôs um
método de avaliação, um método de análise da sociedade e não uma coisa
estanque, que alguns, infelizmente, mesmo no campo do marxismo, ainda não
conseguiram conceber qual é a proposta de Marx. Colocava eu, na sala de aula –
e espero que o colega tenha entendido –, que o que os filósofos, que o que os
pensadores fazem não é propor sistemas acabados, sistemas definidos. E isso foi
o que Marx fez, ele não propõe um sistema acabado e definido. O que fizeram
foi, através da leitura da obra de Marx, a deturpação; tentaram dizer que Marx
falava isso e falava aquilo. Marx, ao analisar a estrutura da nossa sociedade,
como filósofo, como pensador, como economista, ele foi à procura do que impede
a comunidade de ser feliz. Os filósofos, todos eles, sejam de que ramo,
procuram estudar o porquê de a nossa sociedade, ao se dizer de seres
superiores, racionais, não conseguem chegar ao estado da felicidade. E cada um
tem a sua interpretação. O que Marx nos trouxe de novidade, há mais de 100
anos, é exatamente a visão de que enquanto na humanidade houver a possibilidade
de uma pessoa explorar outra, isso impedirá a espécie humana, enquanto um todo
– não de pessoas individuais, porque na análise de Marx não dá para se dizer
que todo o burguês é ruim, todo o patrão é ruim. Não é essa a análise! Essa é
uma análise muito barata do que Marx nos descreveu. As pessoas, em si, estão
numa classe social ou noutra. Mas o que resolveria a questão da sociedade, o
que poderia trazer a felicidade para a espécie humana - é isso o que Marx nos
diz - seria o fim da sociedade de classes, porque enquanto ela existir,
enquanto houver o antigo proletariado, hoje, trabalhadores - o lunpensinato,
outra classe que também Marx trabalha, que é aquele que nem consegue chegar na
classe de trabalhador, que está mais abaixo ainda -, enquanto houver os donos
do poder, os donos do meio de produção, essa estrutura toda, Marx nos diz, no
seu método de análise sobre a nossa sociedade, e daí decorre toda uma análise
econômica de como é que poderia se construir uma outra sociedade. Mas ele não viveu
o suficiente, até para conseguir colocar as suas idéias em prática, e talvez
poder evoluir. Isso é coisa que os marxistas atuais têm, essa função de
criticar o que foi feito no stalinismo, o que foi feito na China, o que está
sendo feito em Cuba; fazer a crítica, uma crítica que tem que ser feita do
ponto de vista fraterno, até. Não podemos dizer, cair na provocação do Ver.
Nedel, que o socialismo não deu certo em país nenhum, e na conseqüência, que o
capitalismo para o Brasil é mais nefasto do que qualquer outro sistema que a
gente possa pensar. A miséria que hoje está denunciada na coluna do Jornal
Correio do Povo, no artigo do Dr. Juremir, comentando a brilhante obra do
cinema brasileiro Cidade de Deus que
está ganhando o Oscar, analisa a
estrutura do poder e da miséria nas vilas do Rio de Janeiro. A única coisa que,
infelizmente, o nosso articulista, o nosso redator sempre se esquece é que o
Rio de Janeiro teve vários governos, teve vários Governadores – o Dr. Leonel
Brizola foi Governador duas vezes lá -, e que não é o Presidente Lula, só, que
vai resolver o problema das favelas do Rio de Janeiro, da fome, da miséria que
hoje lá existem, e da resultante criminalidade que há nas vilas e favelas do
nosso Brasil. Então, eu acho que a matéria está muito boa, e o que está por
trás disso é exatamente um princípio do marxismo. A espécie humana só vai
atingir a felicidade no dia em que nós formos todos iguais, assim como quando
nascemos – nascemos todos iguais. Alguns em berços mais ricos; outros em berços
mais pobres. E, com isso, gera-se toda a violência e toda a miséria em nossa
sociedade.
Eu
gostaria de abrir esse debate, o Ver. João Carlos Nedel deve ter-nos escutado,
para que a gente possa fazer esse debate durante esse Período da Comissão
Representativa. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero saudar a presença do Diretor do
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Sr. Paulo Amaral. Seja bem-vindo. A Casa é
sua.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores. Eu fui
procurado, na semana passada, pelo advogado do proprietário da área onde está
situado, agora, o Campo da Tuca. Ali é um belo exemplo do que está acontecendo
hoje em nossa Cidade em várias regiões. Aliás, não é um fato que começa agora.
São acontecimentos que vêm de longo tempo na história de Porto Alegre. Mas eu
acredito que nós precisamos começar a pensar em resolvê-los, porque, em não resolvendo,
nós vamos acabar sempre jogando esse problema das áreas invadidas em Porto
Alegre para o administrador seguinte. Eu estou dizendo que esse problema
acontece há muito tempo, porque nós tivemos o exemplo do Mato Sampaio, onde
também houve invasão. Mas eu estou falando do Campo da Tuca. O Campo da Tuca
teve uma invasão em 1982, mais ou menos com 100, 150 famílias. É uma invasão
média - não é daquelas com muitas famílias, como foi o caso do Mato Sampaio -,
mas que tem de ser tratada. É uma área que está numa região nobre do Partenon,
e, por isso mesmo, eu acredito que mereça uma atenção especial por parte da
Administração.
O
proprietário da área, Ver. Zé Valdir, entrou na Justiça pedindo reintegração de
posse. Conseguiu a tal reintegração de posse, mas acontece o seguinte: como é
que vai-se executar uma reintegração de posse contra 150 famílias numa área que
está consagrada para essas famílias há muito tempo? É quase impossível. Eu acho
que nós estaríamos determinando quase que uma batalha campal para que isso
pudesse ocorrer. E não é só no Campo da Tuca, em outras regiões da Cidade
acontece, também, o mesmo fenômeno.
Nós
precisamos, na verdade, de uma grande negociação em que devem participar o
Poder Público Municipal, o próprio Judiciário e as pessoas interessadas, que
são aquelas que estão ali no local. Por que isso tem de ser visto? Porque, se
nós não resolvermos esses problemas, essas áreas não serão regularizadas e, não
sendo regularizadas, é um prejuízo muito grande, tanto para as pessoas que estão
morando lá, porque não conseguem fazer praticamente nenhuma obra para
viabilizar as suas estadas na região, como para o Município, que se vê
impossibilitado de regularizar uma área que acredito ser muito fácil de ser
regularizada, e que daria boas condições para mais habitações ou para
habitações mais coerentes com a necessidade daqueles cidadãos nos tempos
atuais.
Eu
acho que há muitas formas de se negociar. Acredito que, quando chega num
impasse com esse, o proprietário da área sabe muito bem do seguinte: ele não
vai conseguir, de forma nenhuma, o preço normal daquela área, porque o
Município teria de entrar com uma desapropriação e, de repente, pagar por essa
desapropriação - talvez, teríamos aí o preço normal sendo pago pelo Município.
Mas o Município não vai propor a desapropriação. Mas é possível fazer uma
negociação. Ora, qual a negociação que é possível se fazer? O proprietário da
área pode propor para o Município uma permuta, assim como foi feita a permuta
aqui – e vou comentar depois – bem em frente à Câmara, com a CEEE, só que, é
claro, em outros moldes. Como o terreno, na verdade, já tem o preço aviltado
porque está invadido, ele podia ser oferecido ao Município por um preço bem
razoável, pelo qual o Município pagaria com índices, como permuta, e teria uma
área inteira à sua disposição para regularizar. Eu acho que esse exemplo, Ver.
Zé Valdir, segue outros tantos que temos em Porto Alegre, de que é preciso,
realmente, atacar. Nós precisamos regularizar essas muitas áreas que estão
invadidas na nossa Cidade e que, hoje, não podem ser regularizadas pelo
Município exatamente porque estão nessa condição. Nessa permuta que tivemos
aqui entre o Município e a CEEE restam dúvidas. É por isso que eu estou dizendo
que pode ser feito, porque se foi feito entre o Município e CEEE, podia ser
feito entre o Município e um particular. No caso, essa área em frente à Câmara
Municipal, de acordo com os especialistas, foi subavaliada; ela era uma área da
CEEE que estava locada para particulares e foi subavaliada no preço de 2
milhões de reais. De acordo com os avalistas, Ver. Zé Valdir, essa área deveria
valer cerca de 8 milhões de reais, havendo, então, uma grande diferença entre o
preço da avaliação e o preço de venda, o preço que realmente poderia atingir
essa área. O Município deu índices em troca. Eu acho que até aí poderia estar
tudo absolutamente legal, faltou uma coisa nessa transação toda: a Câmara ser
ouvida, como eu acredito que lá também, no caso da CEEE, faltou a Assembléia
ser ouvida. É uma coisa que está na justiça; nós entramos com uma ação popular
para questionar essa não-ouvida da Câmara, porque existe um artigo na Lei
Orgânica do Município, se não me engano é o art. 56, que obriga que passe pelo
crivo da Câmara todas as áreas que são adquiridas pelo Município. Só pode o
Município receber uma área se for por meio de uma Lei votada aqui na Câmara
Municipal. No caso aqui da frente, não houve a ouvida da Câmara Municipal, e
por isso essa transação pode ser questionada. Mas imagine só, Ver. Zé Valdir, que
no caso de permutas com particulares seria alguma coisa fácil; poderia a Câmara
ser ouvida, poderia ser feita uma avaliação - até mesmo essa subavaliação, como
foi feita aqui neste terreno, no caso da CEEE - para que o Município pudesse
receber e fazer com que aquelas pessoas que habitam essa área pudessem ter uma
vida um pouco melhor do que aquela que eles levam na atualidade. É uma sugestão
que fica para que nós possamos, em contato com essas comunidades, quem sabe,
começar a fazer uma negociação viável em que o Município não gaste recursos que
não possui para adquirir áreas, mas que possa, de alguma forma, comprometendo
também a comunidade com o Município por meio do DEMHAB, fazer com que essa área
possa passar para o Município por meio de transações em que este poderia
receber essa área por um preço bem aquém daquele que seria o real. É uma
preocupação com a Cidade legal, totalmente regularizada e com uma Cidade que
possa ser boa para todos viverem.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada Ver. Luiz Braz. O Ver. Reginaldo
Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, ontem, a
cidade de Porto Alegre assistiu a dois atos extremamente significativos que
marcaram a posse do Desembargador Osvaldo Stefanello na presidência do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e do Desembargador Carlos Rafael dos
Santos Júnior, na presidência da AJURIS – Associação dos Juizes do Rio Grande
do Sul. Enfatiza hoje a imprensa local algumas frases fortes ouvidas
especialmente no pronunciamento do novo Presidente do Tribunal de Justiça do
Estado, que denotam com clareza o estabelecimento de um período bem definido
pelo ilustre magistrado, como sendo um período de verdadeira guerra entre os
poderes. Diz o Dr. Stefanello (Lê.): “A Justiça não é mercadoria que se adquire
na esquina”, comparando as ações que aqui ocorrem com a compra de couve ou
alface na feira livre ou na quitanda da esquina. É do mesmo Desembargador a
colocação estampada na primeira página de Zero Hora (Lê.): “O Poder Judiciário
do Rio Grande do Sul não vai admitir interferência externa”. O que denota, o
que há atrás de tudo isso? Há uma grande discussão que se estabeleceu com a
inclusão do Projeto da Reforma do Judiciário nessa malfadada convocação
extraordinária que está onerando os cofres públicos e que surgiu a pretexto de
dar seqüência e deliberação da Emenda paralela ao Projeto da Reforma da
Previdência, o qual sequer será apreciado neste período. Aliás, se eu fosse um
oposicionista que cultivasse as manchetes, eu estaria hoje, aqui, exercitando
aquela prática que, por longo tempo ocorreu neste País: somaria o custo do
avião adquirido pelo Presidente da República, sem licitação; somaria os gastos
com a convocação extraordinária e com a contratação de quase 3 mil novos
servidores de Cargos em Comissão - chegaria a quase 200 milhões de reais;
calcularia quantos quilos de arroz, de feijão, de batata, quantos litros de
leite isso representaria, e estaria apresentando uma estatística altamente
impressionante pelo que representaria em termos de alimentação para este povo
brasileiro, que, apesar do Fome Zero, continua com fome, e com muito mais fome
ainda.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Reginaldo Pujol, eu achava justo o Presidente comprar
uma aeronave da Airbus, até o momento em que li que o rei da Holanda usa um
jato da Embraer - o ERJ 125 - e que a Embraer está fazendo, agora, um novo
lançamento, a que o Presidente da República comparece no dia 9, para competir
com a Airbus, pela metade do preço! O Presidente brasileiro está a dizer que
não comprem da Embraer, que comprem da Airbus!
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exª o seu aparte. Eu disse
que não sou um oposicionista que cultiva a manchete. Por isso deixo de lado
essas considerações. Apenas fiz essa referência. Eu, honestamente, não consigo
entender por que o Presidente da República não pode ter um avião fabricado pela
Embraer. Não consigo entender, mas não vou discutir esse aspecto, porque acho
que é irrelevante diante de tudo o que está acontecendo neste País, diante
dessa manobra que se faz no sentido de desviar a opinião pública brasileira dos
seus verdadeiros problemas. A própria Reforma do Judiciário, que se está
anunciando e que gera toda essa guerra entre os poderes deste País, é a maior
demonstração de eficiência política do Governo Lula, e, ao mesmo tempo em que o
maior desastre administrativo, porque ela só surge com o objetivo de desviar a
atenção nacional. E o que é pior: surge só depois que foi reaberto aquele
processo, lá de Santo André, que o PT cobrou com tanta intensidade quando do
seu surgimento, chegando a acusar, irresponsavelmente, perante a Nação, que
teria havido um crime político, e agora se observa, pelo que se depreende de um
processo que corre em sigilo de Justiça, que há fortes componentes políticos
naquele crime. Reportagens dizem que em torno daquele crime do Prefeito lá de
Santo André já ocorreram 5 ou 6 outros assassinatos. Todos aqueles que tinham
algum tipo de envolvimento direto acabaram sendo assassinados. O PT está
revoltado com o Ministério Público, com o Poder Judiciário, com relação a esses
acontecimentos, e agora quer o controle externo do Poder Judiciário. Isso é, em
última análise, ilustre Vereadora-Presidenta, a tentativa de se introduzir no
País a Lei da Mordaça e se quebrar a independência do Poder Judiciário.
O Sr. Zé Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, V. Exª é muito hábil. Vossa Excelência diz
que, se fosse uma oposição raivosa, faria tais e tais coisas, e V. Exª aí cita
as coisas que faria como oposição raivosa, o que não é.
O SR. REGINALDO PUJOL: Não sou!
O Sr. Zé Valdir: Não, não é, realmente. Mas aí V. Exª
cita tudo.
O SR. REGINALDO PUJOL: Eu nem critico o Presidente por ter
adquirido um avião, só não entendo – V. Exª me deu o direito de não entender –
por que essa preferência pelos franceses em detrimento da Embraer.
O Sr. Zé Valdir: Quero debater um ponto com Vossa
Excelência. Vossa Excelência está dizendo que o controle do Judiciário é uma
manobra. Eu quero lembrá-lo de que o controle do Judiciário está no nosso
programa partidário. Em todos os processos eleitorais, sempre defendemos o
controle do Judiciário, que, aliás, não é nenhum fim do mundo, porque vários
países do mundo têm isso, países do Primeiro Mundo, inclusive com Juizes que
são eleitos! E, convenhamos, alguma coisa é preciso ser feita no Judiciário,
porque o Judiciário não é perfeito. Geralmente se ataca o Legislativo, mas o
Judiciário tem vários e vários problemas. Agora, o controle do Judiciário é uma
bandeira que nós defendemos historicamente. Portanto, não é nenhum oportunismo
nosso levantar essa questão agora.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exª e quero que V. Exª, se
tiver o cuidado e um pouco de memória, observe que, no meu pronunciamento, eu
praticamente repito alguns pronunciamentos do José Genuíno, do José Dirceu e
outros Josés que andam por aí, inclusive o Zé Valdir, que é o grande Líder do
Partido dos Trabalhadores aqui nesta Casa.
Mas
os Zés diziam ontem o que eu estou dizendo hoje. O controle externo do
Judiciário não é o que o povo brasileiro está esperando, o povo brasileiro quer
agilidade do Poder Judiciário, quer acesso à Justiça, quer discutir sobre a
Reforma do Judiciário. Eu penso, Srª Presidente, que esta Casa teria de
promover, agora em março, um grande simpósio sobre a Reforma do Judiciário, o
Parlamento tem de entrar no meio dessa luta, dessa guerra entre o Judiciário e o
Executivo e balizar essa discussão. Há necessidade de Reforma do Judiciário. O
Judiciário não é um modelo de perfeição, eu mesmo verifico vários temas que são
discutidos muito superficialmente, sobre os quais eu tenho posição firmada. Eu
sou a favor, por exemplo, da expansão dos Juizados de Pequenas Causas. Acho que
eles têm de ser o máximo possível expandidos, porque ali se encontra uma
Justiça célere, pode não ser das mais qualificadas, das mais sofisticadas, mas
ali o homem do povo tem acesso a uma Justiça barata e rápida. Eu sou a favor da
súmula vinculante; acho que esse passeio dos processos pelos tribunais do
Brasil tem de terminar. Os processos, neste País, estão durando 15, 20, 25
anos. Processos trabalhistas, Ver. Sebastião Melo, levam 20 anos para serem
decididos e, quando chegam ao final, ou geram um escândalo nacional na sua
execução, porque assumem valores extraordinários, ou então simplesmente levam
as empresas à insolvência, ninguém vê realizados os seus direitos. Então, acho
que a Casa deve se envolver na discussão da Reforma do Judiciário, mas tem de
fazê-lo não a pretexto de abafar a independência e a harmonia dos Poderes, mas
para consolidá-la e garantir que nós consigamos ter uma Justiça livre neste
País, que, apesar das suas imperfeições, ainda é uma demonstração do nosso grau
de civilização.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Reginaldo Pujol. O Ver. Sebastião Melo está com a
palavra em Comunicações.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu começo aqui pelo tema que também foi tratado
pelo Ver. João Antonio Dib, que trata sobre a matéria do jornal Zero Hora, de
sábado passado: “Prefeitura encerra o ano com superávit”. Ver. Isaac Ainhorn e
Ver. João Antonio Dib, esta Administração não tem tratado com seriedade a
questão do Orçamento da Prefeitura. Isso vale para os anos anteriores, poderia
buscar exemplos de 10 anos atrás, eu tenho manuseado essas Peças Orçamentárias,
a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Mas o que é o pano de fundo dessa questão?
Acho que isso é importante a população saber, porque esse negócio de número
para lá e Lei Orçamentária, o povo não entende muito disso, mas o povo entende
as coisas simples, e o que está por trás disso, Ver. João Antonio Dib, é que o
Prefeito João Verle, ao assumir a Prefeitura, fez um anúncio dizendo: “As
contas da Prefeitura não estão bem”. Primeiro, não entendi se ele queria
atingir o Tarso ou não, não sei se queria dizer: ”Olha, o Tarso não foi bom
administrador”. Pode ter sido uma interpretação, coloco aí uma interrogação
sobre isso. Segundo, o Prefeito Verle cria um ambiente para poder cortar o pão
e o leite do trabalhador da SMOV, cortando a bimestralidade, esse foi o fulcro
da questão. Este Governo é capaz de investir alguns milhões em publicidade, mas
é de uma dureza danada com o servidor. Aí ele tinha o objetivo de dizer que
tinha um déficit e com isso poder cortar a bimestralidade, o que ele fez
imediatamente.
Mas,
Ver. João Antonio Dib, não foi esse o único objetivo. A Prefeitura
especializou-se em fazer as chamadas obras
Cartão-Postal da Cidade em véspera de eleição, isso já é uma tradição na
gestão. Então, na verdade, Ver. Luiz Braz, eles também queriam reduzir o gasto
em 2003, primeiro, para cortar a bimestralidade, que, acima de tudo, é o
direito do trabalhador, e, segundo, porque ele quer um caixa para o ano
eleitoral, aparecendo na Cidade como um grande gestor e com isso buscar o voto
da população. O que acho que não vão levar, já esgotou-se esse modelo, acho que
o povo - eu sinto isto na rua - quer é uma mudança. Mas esses são os objetivos
fundamentais desta maquiagem orçamentária, e aí, evidentemente, eu acho - como
dizem os bons juristas – que, para cada tese, você pode ter um parecer
favorável ou contra, dependendo do bom jurista, e evidente que o Líder do
Governo vai dizer que foi a eficiência da Prefeitura, ele vai dizer que foi o
extraordinário João Verle que fez isso. Não, por trás disso havia toda uma
orquestração maior que era liquidar os direitos dos trabalhadores.
O Sr. Zé Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebastião Melo, o PMDB tem que se entender na crítica à
Administração Popular para não cair em contradição. Eu lembro que, na eleição
de 1992, o candidato do seu Partido César Schirmer acusava a Administração
Popular de só fazer obras feijão-com-arroz e de não executar nenhuma obra
estrutural. Agora a gente faz obras estruturais que, por sinal, foram aprovadas
pelo Orçamento Participativo, tais como a 3ª Perimetral, e aí V. Exªs. nos
criticam porque estamos fazendo obras estruturais. Então, não dá para entender,
há uma contradição na sua crítica, porque critica por um lado e também critica
por outro lado! Então, é a crítica pela crítica – parece! Pois como é que se
justifica que, recentemente ainda, o Partido de V. Exª fazia duras críticas às
obras feijão-com-arroz, dizendo que nós não fazíamos obras estruturais, e,
agora, nós fazemos e somos criticados também?
O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu não estou falando de obras
estruturais, essas são muito bem-vindas, são um dever do Município e um direito
do cidadão. Eu estou falando das obras
cartão-postal. São aquelas que aparecem muito e têm pouco resultado. Os
senhores constroem cinco casinhas na entrada da Cidade e dizem para o povo:
“Nós estamos com o Projeto Entrada da Cidade, que vai construir quatro mil
casas”! E vão lá e fazem um enfoque para o Cidade
Viva e passam isso a preço de ouro para a população, dizendo: “Aqui está
sendo recuperado”. Agora, o cidadão que anda pela free way sabe que aquilo ali está há 10, 15 anos, mas a
Administração petista é o seguinte: ela é como economista, ela só tem proposta
para o futuro. Quer dizer, eles estão aí há dezesseis anos e não resgataram a
cidadania, especialmente nas vilas populares, mas, para a próxima eleição,
sempre têm uma solução. Então, é disso que estou falando, é da obra cartão-postal, e não da obra de
infra-estrutura, pois essa é bem-vinda. Então, eu queria deixar, primeiro, este
tema aqui registrado no sentido de que, efetivamente, em matéria de maquiagem,
os melhores salões do Brasil estão perdendo para a Prefeitura de Porto Alegre.
E eu não sei se o Rio de Janeiro ou Brasília, que têm grandes salões, vão bater
a Prefeitura de Porto Alegre, que devia abrir ali, naquele subsolo, um salão de
maquiagem liderado pelo Sr. André Passos, que é especialista nessa matéria.
Bom,
mas eu quero também falar de outros temas não menos relevantes que esta
matéria. Ver. Luiz Braz, a Bancada petista, durante 8 anos, não permitiu que o
Presidente Fernando Henrique fizesse uma recuperação no avião presidencial
conhecido como Sucatão, que, eu acho, deveria ser trocado. Mas a Bancada era
tão feroz, Ver. João Dib, que não permitia ao Presidente dizer que ia mandar
recuperar o avião presidencial. O nosso povo, a nossa gente está passando fome
pelo Brasil afora, e o Presidente viajando...! As verbas sociais sendo cortadas
enormemente...! O Fome Zero é uma propaganda, mas não sai do chão! E o
Presidente compra um avião de 62 milhões de dólares! Sessenta, 56 milhões de
dólares, da Airbus, dando emprego aos franceses em detrimento da economia
nacional! E eu vejo aqui um silêncio sepulcral desta Bancada! Tinha razão o
Darci Ribeiro: o PT é o instrumento que a direita gosta, ou a barriga de aluguel da direita! Porque,
cá para nós, nem a velha Arena fazia isso!
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebastião Melo, na segunda-feira próxima o Presidente Lula vai
à Embraer ver o lançamento do ERJ –190. Diz aqui no Correio do Povo, com todas
as letras, que vai custar cerca de 30 milhões. Mas o mais grave é que o ERJ –
190 foi concebido para concorrer com a Airbus, e a Embraer, tem 13 mil
brasileiros empregados. Quem vai comprar o ERJ – 190, se o Presidente do País
que vai fabricar este avião não o compra?
O SR. SEBASTIÃO MELO: É isso, Ver. João Dib. Vossa Excelência
traduz a dura realidade desta nova classe que chegou ao Poder deslumbrada por
cargos. Quem diria... se um Governo outro qualquer criasse por medida
provisória 3 mil cargos neste País para dar para os apaniguados! Foi o que
fizeram para cooptar Deputados, Senadores, para colocar o Congresso de joelhos. Que operação toma-lá-dá-cá
fantástica! Ora, eu tenho 25 anos de militância política. Ora, eu acompanhei a
caminhada e lutei pela derrubada da ditadura, e olhem que eu milito desde 1978
e acompanho os Governos da República e acompanho os Governos do Estado e o
Governo local, desde essa época, como militante da luta política, e eu confesso
aos senhores que, infelizmente, Ver. Isaac Ainhorn, até agora o medo está
vencendo a esperança e não a esperança vencendo o medo. E não faço isso pela
crítica vazia, eu faço isso tristemente vendo alguém que chegou ao poder como a
encarnação de uma esperança magnífica do povo no sentido de que mudaria essa
lógica de distribuição de riquezas, especialmente trazendo mais transparência à
coisa pública, e o que a gente está vendo, infelizmente, não é isso, é uma
continuidade... Eu diria que os Partidos, na sua grande maioria, perderam a
vergonha na cara, inclusive o meu perdeu a vergonha na cara. Porque eu acho que
ser oposição, Ver. Margarete Moraes, não é ser contra o País. Eu não faço uma
Oposição irresponsável aqui nesta Casa; toda vez que foi importante para o
Município, o meu Partido - é uma Bancada pequena - sempre votou aqui favorável
às coisas de Porto Alegre. Mas eu nunca fui à Prefeitura... A senhora nunca me
viu em um gabinete de um Vereador do Governo, ou em qualquer localidade
barganhando qualquer tipo de questão para votar favorável ou contra, porque me dá isso ou me dá aquilo; pelo
contrário, eu poderia dar vários exemplos: o único Vereador que não tem
cedência, nesta Casa, sou eu. E sabem por que eu não tenho cedência? Porque eu
não negocio com o Governo. E o Governo, portanto, não me dá uma cedência. Todos
os Vereadores aqui têm cedência. Então, eu tenho uma relação muito tranqüila. E
eu acho que o que está acontecendo em Brasília, Ver. João Antonio Dib, é muito
ruim para o País, ruim para democracia.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, conclua, Ver. Sebastião Melo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Agradeço, Presidente, pela sua
tolerância, e quero dizer que voltarei a esse tema necessário, também objeto de
debate nesta Casa, que não é uma ilha, que trata das questões locais, das
questões estaduais, mas não pode deixar de estar deslincada da questão
nacional. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
em Comunicações.
O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, foi-se o
tempo da bravata; agora, é o tempo real, é o tempo do mercado, é o tempo do
sistema, é o tempo do poder, é o tempo do pacto de governabilidade, é o tempo
de conversar com o Fundo Monetário Internacional, o FMI, é o tempo de pagar os
juros da dívida externa sob pena de sofrermos as represálias do carro-chefe da
economia mundial, os Estados Unidos da América do Norte. Esse é o novo tempo ao
qual estamos assistindo!
E eu, Ver. Zé Valdir,
assim como V. Exª, que é um poeta, um homem de ideais, que ainda acredita que
um outro mundo é possível. Ah, Ver. Zé Valdir, V. Exª não poderia acreditar, só
vivendo para assistir ao que está acontecendo hoje no nosso País. Quem diria,
Ver. Zé Valdir, figura de expressão do PT na cidade de Porto Alegre, que hoje o
PT e o Governo Luiz Inácio Lula da Silva seguiriam as pegadas e seriam uma
continuidade daquele governo que V. Exª e seus companheiros de Partido foram
tão duros na crítica em relação ao governo, chamado por V. Exªs., da era FHC.
Ah! Ver. Zé Valdir, se
fizéssemos um hiato de um ano e alguns meses, e acordássemos agora, não
acreditaríamos no que estaria acontecendo! Rigorosamente, não acreditaríamos no
que está acontecendo!
Em
nome de um pacto de governabilidade, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva
repete as práticas mais nocivas de vida política, Ver. José Valdir. Aquilo que
nós, juntos, denunciávamos de que é dando
que se recebe, frase que Roberto Alves chupou de São Francisco Xavier, dava
cargos em troca de apoio parlamentar na base parlamentar do Governo Federal.
Onde estão aqueles que o Presidente Lula chamava de os 350 picaretas do
Congresso Nacional, Vereador? Onde estão, Vereador? O que fazem? Como é que nós
podemos silenciar frente a um quadro como esse em que o Governo de V. Exª se
alia aos setores mais conservadores, reacionários e fisiológicos da Nação que
deram sustentação ao Governo de Fernando Collor? Hoje, o PTB de Roberto
Jefferson, o PP de Paulo Salim Maluf e, se não me engano, esse primeiro, do
PTB, era da tropa de choque do Governo Fernando Collor. E não me venham agora
dizer que o Governador Brizola ficou mudo - eu já conheço todos os argumentos
-, que o PDT está se aliando hoje ao PFL. Nem se aliou e já começaram a atacar,
enquanto que o Governo de V. Exª, que tem como premier o Ministro José Dirceu, distribui 2.800 cargos para
contemplar o fisiologismo e a voracidade fisiológica do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro central. Porque, justiça seja feita, o PMDB do Rio
Grande do Sul tem um perfil diferente, é verdade, de centro-esquerda, não se
dobra, como o PMDB nacional, que é tão conhecido e que tem maioria. Vereador,
será que é verdade tudo isso ou isso foi um sonho que passou em nossas vidas e
nós estamos nos acordando de repente e assistindo este quadro em que o Governo
tenta uma reforma do Judiciário e que pretende fazer com que renasça o Conselho
Nacional de Justiça do tempo da ditadura e do autoritarismo para intimidar a
ação independente do Poder Judiciário? O que é isso, Vereador? Onde é que nós
estamos? A causa dos males sociais será que se encontra no Poder Judiciário,
Ver. Zé Valdir? Eu teria de repetir como Cícero no senado romano: O tempora! O mores! - ó tempos, ó
costumes. Até quando tu abusarás da nossa paciência dessa forma de desrespeito
ao sentimento de nosso povo?
O Sr. Zé Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, evidentemente que todos os processos políticos
são contraditórios. Tanto é verdade que o Partido de V. Exª esteve aliado com o
Collor, esteve coligado...
O SR. ISAAC AINHORN: Eu sabia. A velha ladainha.
O Sr. Zé Valdir: Esteve coligado com o Marchezan aqui no
Estado.
O SR. ISAAC AINHORN: E erramos feio. Foi um erro que nos
custou caro.
O Sr. Zé Valdir: Agora, nós estamos realmente fazendo um
Governo de transição, porque não dá para romper...
O SR. ISAAC AINHORN: Mas essa transição é larga.
O Sr. Zé Valdir: Vereador, V. Exª me dá o aparte e não
deixa eu falar.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu só quero dar o contra-aparte. Quem
está com a palavra sou eu.
O Sr. Zé Valdir: Nós estamos fazendo uma transição. Só a
sua má vontade não percebe a profunda transformação. Eu só vou citar duas
coisas. Só em deter o processo de privatização do neoliberalismo e só em
afirmar a soberania nacional, como nós estamos afirmando, e constituir um outro
bloco mundial, só nisso aí o nosso Governo já está se diferenciando. Outras
coisas virão agora. Nós não vamos cair no isolamento, e foi uma habilidade
muito grande que nós construímos, que V. Exªs. queriam que nós caíssemos,
transformando o Governo Lula numa Venezuela para ficar isolado do mundo.
O SR. ISAAC AINHORN: E Cuba?
O Sr. Zé Valdir: E também estabelecer relações com Cuba.
Qual é o problema, Vereador?
O SR. ISAAC AINHORN: V. Exª não quer repetir Cuba? Ou quer
repetir Cuba?
Cuba
V. Exª não enquadra; só a Venezuela. Cuba está bem.
O Sr. Zé Valdir: V. Exª é tão democrático. V. Exª defende
o isolamento a Cuba, defende o massacre dos palestinos. A nossa política
externa não é essa, Vereador. É afirmar a soberania dos povos.
O SR. ISAAC AINHORN: Agradeço a intervenção. Como V. Exª não
tem argumentos para responder às minhas reflexões, às minhas considerações
sobre a ação conservadora do Governo Luiz Inácio Lula da Silva, aliado a Antônio
Carlos Magalhães, aliado a Roberto Jefferson, aliado a Paulo Salim Maluf, agora
só falta V. Exª me agredir mais. Só falta dizer: “V. Exª é que é responsável
pelo massacre dos palestinos”. Chega, Vereador, isso não dá para repetir! Esse
tipo de coisa não dá para repetir! Venha, com argumentos, dizer: ou fazemos um
Governo dessa natureza ou vamos desestabilizar e romper com o pacto de
governabilidade. O PDT foi aliado do Partido de V. Exªs. e se retirou do
Governo, e só os que eram mais apegados aos cargos, ao fisiologismo,
permaneceram no Governo, lamentavelmente. E essa gente eu conheço, eu posso lhe
dizer porque convivi, por exemplo, com o Sr. Miro Teixeira, que vem da época do
Sr. Chagas Freitas, e só se serviu do PDT, e soube bajular o Governador Leonel
Brizola no momento em que lhe interessava, depois pegou o Ministério das
Comunicações e outros que tais, e agora, certamente, irá para a Liderança de
Governo para ser um passo intermediário para retornar a uma benesse, a um
apadrinhamento de qualquer Ministério que porventura possa lhe ser concedido,
lhe ser aquinhoado. V. Exª, infelizmente, a quem atribuo uma cultura boa,
infelizmente não soube...
Solicito,
com autorização do meu querido Líder, João Bosco Vaz, uma Comunicação de Líder.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Pois não. O Ver. Isaac Ainhorn está com a
palavra para uma Comunicação de Líder
O SR. ISAAC AINHORN: O
tempora! O mores!, como
diziam os latinos. Não dá para acreditar, Ver. Zé Valdir. Se há governos que um
dia já foram resgatados, mas que cada vez mais são considerados na história
contemporânea, são dois Governos trabalhistas: o Governo de Getúlio Vargas e o
Governo de João Goulart; um preferiu o suicídio, a dignidade e a grandeza do
suicídio para não capitular aos interesses do capital internacional, e o outro
preferiu a dor e o sofrimento do exílio, só retornando, o Presidente João
Goulart, dentro de um caixão, em condições até hoje não explicadas e
misteriosas, porque Jango viria ao Brasil e seria uma grande liderança, ao lado
de Juscelino, ao lado até de uma figura que se contrapôs depois e fez sua
autocrítica, o Sr. Carlos Lacerda, e misteriosamente esses três homens
públicos... Quando o Sr. Golbery do Couto e Silva retomou o processo de
reabertura, tratou fundamentalmente de liquidar essas grandes lideranças; só
soçobrou desse processo – e correu risco de vida, quando foi expulso do Uruguai
- o Sr. Leonel de Moura Brizola, que teve que buscar a segurança lá nos Estados
Unidos. É verdade, essa é a realidade a que estamos assistindo. Eu sei e tenho
a consciência de que o Governo do Luiz Inácio Lula da Silva não podia fazer uma
opção de esquerda, mas também não precisava exagerar e fazer uma opção pelo
neoliberalismo, pelo conservadorismo, indicando para os cargos fundamentais, de
decisão do seu Governo, da sua área econômica e financeira os setores mais
conservadores. E vejam V. Exªs. que qualquer oscilação... vejam como é
incipiente e como é débil a estrutura de sustentação desse Governo, Srª
Presidente, Srs. Vereadores, é tão débil a estrutura de Governo que, há 15
dias, a C-Bond - os Títulos de Crédito da Dívida Brasileira -, eram
cotadíssimos no mercado internacional. Que mistério! Em 15 dias, Ver. Sebastião
Melo, a C-Bond, os Títulos da Dívida Pública Federal, caíram em descrédito tão
violento, rapidamente; a Bolsa oscilando violentamente, o dólar já dando alguns
indicativos de instabilidade, com todas as concessões.
Eu
prefiro, dentro dessas opções, não o radicalismo de um governo que vai-se
isolar, mas eu estou preferindo, Vereador, ver a soberana Argentina, ver o seu
Presidente enfrentando o Governo Americano, enfrentando o Sr. George Bush,
negociando por alto e por cima, e dizendo que os interesses da Argentina são
assim e assim, e não vão-se submeter ao pagamento dessa dívida externa absurda,
já que eles não foram os criadores.
Nós
pagamos, só de juros, 125 bilhões de reais. Essa é uma quantia astronômica, ela
compromete o nosso Produto Interno Bruto, ela compromete a estabilidade da
economia nacional. Onde é que nós vamos parar com esse Governo de desmandos, e
que só tem uma base, e é real? Ele conseguiu, fundamentalmente, na base do é dando que se recebe, fazendo
concessões, dando empregos, conseguiu uma base parlamentar tranqüila, de quase
400 Deputados, e que empurram goela
abaixo do povo brasileiro o que eles quiserem, sem diálogo e sem conversa.
O Congresso está calado, o Congresso não está fazendo e realizando uma política
de independência em relação ao Governo. Todo mundo está comprometido com a base
de sustentação do Governo do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. DARCI CAMPANI: Só para responder ao Ver. Nedel, que
questionou, no seu espaço de Comunicações, a questão das obras de recuperação
do Túnel da Conceição. Nós conversarmos com os representantes da SMOV, e
realmente trata-se de uma obra importante para a cidade de Porto Alegre, mas
não era necessária, ainda, neste momento. Foram revistos alguns parâmetros do
projeto em si, já está pronto o novo edital - o anterior foi anulado - e está
junto ao Executivo para a aprovação do processo de licitação e posterior
lançamento da licitação em si. Então, não é nada que nos preocupe, é só a
adequação a um programa de obras que a Prefeitura tem realizado nesses quinze
anos.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Darci Campani. Está
encerrado o período de Comunicações.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, hoje, nos jornais aparece o gasto do Governo
com o Programa Fome Zero: mais de 50 milhões de reais que foram aprovados. E
nós sabemos que boa parte disso é para pagar toda a estrutura que movimenta
esses alimentos de um lado para o outro. Mas, a par disso, parece que o Governo
usa esse instrumento do Programa Fome Zero, Ver. Zé Valdir, apenas para fazer
demagogia, porque ele quer é jogar mais pessoas para esse ciclo que precisa,
realmente, receber uma cesta básica do Governo. Porque, imaginem que, quando
nós temos o aumento da Cofins, que sai de 3% para 7,6%, e esse aumento da
Cofins não vai ser suportado pela fonte da produção, pela indústria, mas vai
ser repassado lá para o consumidor final, de acordo com as regras que foram
estabelecidas.
Hoje,
nós temos aqui, no jornal Diário Gaúcho, uma boa demonstração do que isso
realmente representa. (Lê.): “O custo de 50 kg de pão. De acordo com as regras
anteriores, com o Cofins anterior, 50 kg de pão custariam duzentos e seis
reais. Com as regras atuais, esses mesmos 50 kg de pão passam a custar duzentos
e quinze reais e vinte centavos". Isso tem de ser colocado também para o
arroz, para o feijão, para os serviços em geral, para tudo aquilo que, na
verdade, é utilizado pela população que vai ao supermercado e que, em cada
produto que pegar nas prateleiras do supermercado, vai ver um aumento. E não se
pode criticar os supermercadistas que estão colocando sua mercadoria com um
aumento que parece até abusivo. Aquela mercadoria que já era de difícil
consumo, passa a ser quase que impossível de ser consumida. Nós temos de culpar
esse governo que acabou optando por aumentar ainda mais o Cofins, para fazer
frente aos seus problemas de Saúde, os quais continuam absolutamente a mesma
coisa; de Previdência, os quais continuam absolutamente a mesma coisa, sem
trazer nenhuma melhora para o atendimento da população, acabando por fazer com
que ela tenha maiores dificuldades. Eu acredito que mais pessoas passem para
essa faixa da miséria, que deve ser assistida pelo Programa Fome Zero.
Eu
entendo que, com esse Projeto, o que o Presidente Lula quer é formar, Ver.
Sebastião Melo, aquilo que o PT muito criticava no passado: uma grande legião
de famintos que devem ser atendidos pelo Governo e que, talvez em troca de uma
bolsa de alimentos, vai dar o seu voto para o PT na hora das eleições. Eu acho
que ele quer isso, porque se não fosse assim, Ver. Zé Valdir, o que o governo
deveria estar fazendo, a essa altura dos acontecimentos, era criar as condições
necessárias para que as pessoas pudessem arrumar um emprego, melhorar o
salário, melhorar a sua condição de vida. Mas, ao invés disso, nós temos é cada
vez mais desemprego. E nós vimos que, nos últimos números que apareceram nas
pesquisas, nós temos mais desempregos. Nesta Região Metropolitana, nós tivemos
uma grande diminuição da massa de salário recebida pelos trabalhadores e
tivemos a posição do trabalhador, a posição do cidadão completamente diminuída
com relação ao passado, a sua capacidade de enfrentar dificuldades no passado.
Infelizmente, é o Governo que nós temos aí.
Eu
me lembro daquela propaganda que era muito utilizada pelo PT: Coragem para mudar! Agora, gente, tem de
ter coragem para agüentar essa gente que está no Governo.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Luiz Braz.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente, Verª Margarete Moraes,
Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras. Eu, na Escola de Engenharia,
ouvi um dia o meu professor da disciplina de Concreto Armado dizer que muita
gente fala que concreto é uma coisa tão boa que até desaforo agüenta.
Eu
acho que o Complexo da Conceição tem agüentado alguns desaforos, sem dúvida
nenhuma. O Ver. João Carlos Nedel diz que a obra estava listada para ser
realizada em 2003; não, em 2001, em 2002, em 2003 e, agora, 2004. Aí mostra a
eficiência do Orçamento Participativo. O Orçamento Participativo listou essa
obra, segundo dizem os doutos, eu não vi, eu não estava lá, não sei. Por que
não cobram a não-realização de uma obra que é importante? Claro que, como bem
colocou aqui o Ver. Darci Campani, a obra não está oferecendo riscos iminentes
à população, mas tem de dar um jeitinho, senão daqui a mais algum tempo os
desaforos serão tantos que o concreto armado não vai mais agüentar. Não pode,
passa ano e coloca no Orçamento uma verba para realizar a obra de recuperação
do Complexo da Conceição, especialmente do túnel. No outro ano faz a mesma
coisa e assim vai. Então, na semana que passou, falei da minha saudade da força
das associações de bairro e aqui fui aparteado por vários Vereadores. A UAMPA
foi um dos exemplos citados. A UAMPA que conseguiu, pela sua organização, sem
dúvida nenhuma, aprovar a primeira Emenda Popular no Orçamento da Capital
porto-alegrense. Aprovou uma Emenda de valor ínfimo, reduzindo publicidade do
gabinete do Prefeito Tarso Fernando Genro. E o que fez o Prefeito Tarso Fernando?
Suplementou a verba de publicidade do seu gabinete em nada mais, nada menos, do
que 13 mil e 206 por cento. Perguntou para o Orçamento Participativo se era
para fazer isso? Claro que não perguntou, não interessava.
Será
que perguntaram no Orçamento Participativo, já que nós falamos tanto em
desemprego, e a construção civil é a que mais absorve mão-de-obra, por que
demora tanto na SMOV, no Planejamento, no DEP, no DMAE o licenciamento de uma
obra? Por quê? Por que demora tanto? Eu não vou conseguir entender, eu que já
fui Secretário de Obras quando as coisas não funcionavam pelo computador, nós
não tínhamos os dados no computador. Começaram a entrar quando eu fui Prefeito
- então, com o computador as coisas demoram mais. Quando eu fui Secretário de
Obras em trinta dias um projeto comum era aprovado; um mais sofisticado em
sessenta ou noventa dias era aprovado. Agora leva dois anos, dois anos e meio
para aprovar um edifício. Mas o pior de tudo, é que aprovado, licenciado,
quando a pessoa vai iniciar a obra, chega alguém e diz: “Não, mas para aí um
pouquinho. Não pode”. E os gastos dessa pessoa, que aprovou o projeto, pagou
arquiteto, pagou desenhistas, e os vários gastos realizados? E o tempo perdido,
dois anos e meio com o dinheiro esperando para ser investido? E aquela obra na
Tristeza que, depois de tudo aprovado, licenciado, iniciada a obra, fundações
prontas, a SMOV chegou lá e disse que não podia fazer. Então, o Orçamento
Participativo também diz que deve demorar a aprovar os Projetos? É o Orçamento
Participativo?
É
por isso que eu trouxe o exemplo do Túnel da Conceição e o Orçamento
Participativo que o coloca anualmente nas relações de obras a serem executadas,
como está, novamente, neste ano.
Vamos
ver se, agora, o Orçamento Participativo consegue fazer aquilo que o Executivo
Municipal parece não ter preocupação. E que não se alegue falta de dinheiro,
porque dinheiro está sobrando, assim como todos os anos havia uma verba para
Pista de Eventos. Este ano parece que vai sair de forma acelerada, buscando
dinheiro no BNDES. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. ZÉ VALDIR: Srª Presidente, Srs. Vereadores, o Ver.
Isaac Ainhorn critica o Lula. Mas Ver. Isaac Ainhorn, se o João Goulart tivesse
seguido o caminho do Lula, talvez tivesse mantido aquela importante experiência
histórica, seguindo duas coisas básicas: primeiro, articulando-se
politicamente, e, segundo, não se deixando impressionar pelas críticas do
Brizola. Bastariam essas duas coisas para que, talvez, a história nos tivesse
brindado com um outro desenrolar.
Mas
também se fala muito na nomeação dos cargos em Brasília. Acho que temos de
aprofundar esse debate, porque o que nós estamos fazendo é a primeira etapa de
uma recuperação de um Estado brasileiro que foi tremendamente sucateado na era
dos Fernandos, exatamente pela implantação, aqui, das teses de Friedman, do
neoliberalismo, do Estado mínimo, que sucateou o Estado brasileiro, e, a partir
daí, para compensar, terceirizava os serviços. Pena que eu não esteja aqui com
o recorte da Zero Hora, com um gráfico que mostra exatamente a redução do
número de funcionários nos últimos anos. Quer dizer, despotencializou o Estado
brasileiro, e o que nós vemos aí é que nós ficamos à mercê da iniciativa
privada com relação às taxas, que o Estado não consegue controlar, como as
taxas de energia, as taxas disso, daquilo. (Mostra jornal.)
O
jornal mostra como isso vem caindo, dentro da visão de Estado mínimo, que sucateou o Estado brasileiro. Agora, uma das
tarefas do Governo Lula é recuperar a força do Estado, porque a nossa visão é
contrária à visão neoliberal. Então, essa é a primeira etapa de um projeto que
visa a recuperar o Estado brasileiro.
A
outra questão a que eu quero me referir é sobre o Fome Zero. O Fome Zero não é
uma panacéia para resolver tudo; é uma grande mobilização nacional, dando
continuidade à Campanha do Betinho! A
partir da iniciativa forte das políticas públicas, nós procuramos envolver toda
a sociedade, o setor empresarial, num movimento permanente de mobilização da
sociedade, para que nós busquemos alternativas para esse problema social
gravíssimo, que se vem agravando nos últimos tempos justamente em função da
política de exclusão social que, no mundo inteiro, foi implantada, que é o
projeto neoliberal.
Aliás,
o Ver. Pujol deveria prestar contas, nesta tribuna, do que foi feito das
promessas do neoliberalismo, que só conseguiu infelicitar a humanidade, que não
resolveu nenhum problema, que faliu a Argentina, que espalhou e aumentou a
miséria pelo mundo afora e que cada vez mais enriqueceu os países
desenvolvidos, do bloco dos ricos. Disso é que o Ver. Pujol deveria vir prestar
contas, porque ele, várias vezes, veio a esta tribuna, ao longo dos últimos
anos, defender o projeto neoliberal como o projeto que iria fazer a redenção da
humanidade e do Brasil. Mas o projeto jogou a humanidade na maior miséria! Hoje
ele quer passar ao largo disso, se esgueirar, passar incógnito e não vir
prestar contas.
Por
último, quero dizer ao Ver. Sebastião Melo que eu continuo achando que o DEMHAB
não tem de autorizar a CEEE a colocar luz em lugar nenhum. O Município, quando
vai colocar água, arca com as responsabilidades. Por quê? Porque ou são situações
consolidadas há 30 anos, a posse mansa, como é o caso da Vila Asa Branca, onde
não há por que autorizar. A própria CEEE já colocou luz em 90% daquela vila; ou
são situações que estão sub judice,
situações que o proprietário da área questionou judicialmente, e, portanto, não
são situações de posse mansa, como é o caso da 14 de Novembro, e aí também o
DEMHAB não pode autorizar. Como é que o DEMHAB vai autorizar colocar luz numa
área que está sub judice? Então, eu
acho que a CEEE, o Governo do Estado tem de resolver os seus problemas, e não
atirar para cima dos Municípios. Mas aí é politicagem, sim.
Em
todo caso, Vereador, eu quero agradecer a sua intermediação, e se a funcionária
Rosane houvesse me dito isso que V. Exª disse aqui, estaria resolvido o problema.
O que V. Exª disse? Que, em março, o Projeto está pronto e que as obras iniciam
ainda no primeiro semestre. Era isso que eu queria ouvir, era só ter dito isso.
Mas quiseram me enrolar, quiseram enrolar a população e fazer, sim,
politicagem.
(Não revisto
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, eu já
havia até me retirado do plenário; despachava no meu gabinete, quando ouvi o
Ver. Zé Valdir, e volto à tribuna até para homenageá-lo pela forma competente
como ele está-se transformando na Casa, no Líder de Plenário do PT, do Governo
Lula, e revivendo a sua oposição ao Governo Fernando Henrique, que não foi um Governo
só de acertos, teve alguns equívocos, especialmente quando deixou ser dominado
pelo tucanato de São Paulo e no início da paulicéia desvairada que hoje toma
conta do Governo Lula.
Mas
o Ver. Zé Valdir, vibrante e inteligente, recoloca a discussão em outros
termos. Ele busca acentuar o que ele entende sejam os comprometimentos do
Governo Fernando Henrique com a política neoliberal, e por aí ele desenvolve o
raciocínio.
Agora,
a base da política monetarista desenvolvida pelo Ministro Malan, apoiado obviamente
pelo Presidente da República, é tímida se levarmos em conta o que o Palocci
está desenvolvendo no País, amplamente apoiado pelo Presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, em que pese o grande José Dirceu ter divergências profundas neste
particular.
Ora,
o Governo Lula, que tinha um discurso reformista, tem sido o mais ortodoxo
seguidor das regras ditadas pelo Fundo Monetário Internacional em termos de
política econômica, e com isso tem comprometido grande parte do seu discurso,
discurso que chegou, em determinado momento, a ser pautado pela famosa
expressão: Fora FMI, Fora FMI. Hoje o
FMI tem no Brasil um verdadeiro encantamento, nem um País do mundo segue tão
rigorosamente as premissas do Fundo Monetário Internacional melhor do que o
Brasil. O Brasil hoje encanta os banqueiros internacionais com a sua política,
e, em contraposição, registrou no primeiro ano da Administração Lula
indicativos alarmantes em termos de desemprego, na redução da renda nacional e
tudo o mais que se contrapõe ao discurso pré-eleitoral sustentado pelo PT desde
a sua fundação.
Então,
o Ver. Zé Valdir, que tem me impressionado pela sua inteligência e vibração,
não vai conseguir mascarar essa situação que a Nação inteira vive! O desemprego
neste País, Ver. Braz, nunca, em momento algum da sua história, atingiu níveis
tão impressionantes.
A ortodoxia da política
econômica é tão forte que o Governo se exibe de ter aumentado as exportações de
forma volumosa às custas da queda do consumo interno deste País. O País
inteiro, não é só mais o pobre, não é só o excluído, até o chamado incluído,
comeu menos. Há redução do consumo de alimento, neste País! Isso é grave! É
gravíssimo! Eu tenho absoluta certeza de que o grande número de votos que
consagrou o Dr. Luiz Inácio Lula da Silva, o Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na Presidência, não foi para ele realizar um Governo da forma como está
realizando: Governo da cooptação, Governo dos áuricos, um Governo cercado de um
adesismo hipócrita na distribuição de cargos, na criação de cargos para sustentar
a sua base política e que agora vem dizer que vai recuperar o Estado
brasileiro, criando 60 mil cargos no ano eleitoral e achando que nós,
brasileiros, somos todos uns babacas que acreditam nisso.
Ora, Ver. Zé Valdir, com
todo o carinho que tenho por V. Exª, eu sou obrigado a lhe dizer que não há
competência capaz de disfarçar o grande fracasso que foi o seu Governo no seu
primeiro ano de atividade.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Reginaldo Pujol.
Visivelmente não há quórum para que possamos entrar na Ordem do Dia.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Reunião Ordinária.
(Encerra-se
a Reunião às 11h54min.)
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